Então, na verdade eu já tenho um blog, que é o #PAPUTIÁ, mas eu senti a necessidade de criar um outro blog para dividir experiências teóricas ou práticas dos estudos teatrais. Claro, que é algo apaixonante escrever aquilo que eu mais curto, mas é difícil! Eu sempre digo que escrever é um parto. E nesse nascimento, às duras penas, vai norteando o meu estudo, a minha vontade de expressar o meu combate, que é a luta pelo conhecimento pleno e transformador e não pelo conhecimento, adorno de prateleira de biblioteca. Eu gostaria que os textos aqui escritos fossem amplamente criticados, debatidos e, portanto, lido.
Bom, pra começar essa odisseia, eu gostaria de delimitar o meu percurso teórico neste primeiro momento de tímidas pinceladas. Através de experiências mais apuradas e vividas cotidianamente pela prática dos exercícios e dos jogos, considero-me “Boaliano”, ou seja, estudo com frequência o método criado por Augusto Boal, que eu considero como genuinamente nosso, brasileiro. Para entender Boal, é preciso caminhar pela estrada traçada por Brecht e Stanislavski, que são teóricos balizadores do método boaliano. Nesta trilha teórica-teatral, é preciso conhecer e entender os princípios básicos que constroem toda essa poética boaliana, baseada na perspectiva do oprimido. Paulo Freire, como um exemplo maior e mais toante, apresenta-se como um importante contribuinte para essa teoria; e os estudos mais tardios irão se debruçar na pedagogia do oprimido como possibilidade de aprendizagem, numa realidade escolar que, tradicionalmente, se vê no fatiamento e concentração de disciplinas.
Minha pesquisa se divide em duas partes elementares: a primeira fase, que é a de iniciação, consiste na realização de um traçado histórico do papel do personagem épico no Teatro de Arena, valendo-se da análise apurada de sua importância metafórica e seu papel representativo de simbolizar notas de uma determinada época, tanto no que tange a sua conformação estética como na criação, percepção e produção cênica. O primeiro passo é debruçar-se na linha do Sistema Coringa como contraposição de estrutura tradicional protagônica, que finca uma nova bandeira no Teatro Brasileiro, que é a discussão da propriedade sob o personagem.
Na segunda etapa, teremos o estudo mais profundo sobre o teatro do oprimido e sua importância na valorização de novas perspectivas de reivindicação e na proposta de uma nova metodologia atrelada ao ensino. Será o meu objetivo estudar sobre teatro do oprimido no viés pedagógico, tanto como experiência didática como possibilidade teórica de ensino.
Os primeiros artigos deste blog serão fichamentos realizados para fins de pesquisa, que foram importantes para esmiuçar o trabalho de maturação e de percepção laboratorial do Teatro de Arena. Junto, teremos uma tentativa de análise crítica das obras de Augusto Boal nos momentos experienciais do Arena, começando pela Revolução da América do Sul, passando pela seção do “Arena conta” , enfatizando o comportamento do personagem em diversas disposições teatrais
Levando isso em conta, para abrir o caminho de outros posts, começarei pela digitalização de um texto teórico de Brecht, que norteia o princípio do estudo do Teatro Político: “Devemos abolir a estética?” Consiste em uma carta que relata as posições do teatro em detrimento do registro social. É a espinha dorsal (ao meu ver) da concepção traçada por Antonio Cândido em “Crítica e Sociologia” artigo esse que é um pontapé inicial para entender as principais nuances e contornos sobre a obra e sociedade.
E por fim, por que Coringar? É um verbo trazido pela própria Cecilia Boal, num momento em que ela coloca as atitudes essenciais de curinga: o curinga deve estar pronto, deve se preparar para “coringar”! Portanto, considero um preparo, uma meia, uma meia cortina que entrelaçará a nossa práxis com o nossas buscas pelos caminhos teóricos.
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"Arena conta Tiradentes" (1967-1968): o cume da utilização do Sistema Coringa |
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